segunda-feira, 1 de junho de 2009

Faz tempo ...

que não escrevo por aqui.

Blogue é questão de tempo, de saco e de ter o que falar.

Ter o que falar geralmente eu tenho, só não sei pra quem, e se não tiver, vou falar do mesmo jeito.

Saco é algo que tenho mas é o da paciência, e também não me importo com isso.

Mas tempo é o bem mais valioso. Sempre foi. Sempre serã. E quando se é um pai que fica quase todas as noites cuidando de um guri agitado de 3 anos de idade, quando sobra, o tal do tempo, o pai aproveita e vai dar um outro, tempo, pelas ruas, bebendo cerveja, encontrando os amigos, ou então capota e dorme. Vergonhosamente capota no sofá.

A vida de escritor está, temporariamente, perdendo, para a de pai e a de trabalhador. A de trabalhador é a mais triste, pois a burocracia é algo totalmente insuportável para quem faz quase 20 anos vive no meio disso. O saco, aquele ali de cima, está acabando para a burocracia. Não tenho paciência para mais nada burocrático e quando tenho é para destruir com as bases de toda e qualquer idiotice dessas. Por mim que implodissem todos os cartórios, derrubassem todos os governos e exterminassem a fé pública da vida moderna. No auge da falta de saco alguém me pedirá um carimbo para acabar com o mundo. Acabarei assim mesmo.

Pai é o máximo. Só por isso vendo meu tempo. Pois estes 3 anos foram intensos e bem vividos e sei, como todo pai e mãe devem saber, que as crianças, ainda bem, crescem. Mas que já dá uma saudade antecipada, isso dá. Dá. Dá vontade até de chorar. Mas isso vou deixar para mais tarde. Quando eu, se for um cara de saúde e sorte, ficar velho e conhecer meus netos.

Resta a literatura. Eu vivo revisando textos na falta de tempo para criar algo novo. Na verdade o algo novo está sempre sendo criado. O algo novo nunca para de aparecer. Quando sobra tempo escrevo tal qual uma enxurrada depois de uma grande seca. Pode ser que acabe numa catástrofe no começo, mas depois a chuva vai amainando e o texto vem. Desce. Sai do outro mundo, lá onde vivo escondido escrevendo.

Dizem muitos, que escrevem, ou acham que escrevem, que a literatura vem antes de tudo. Não. Não vem. Antes vem a vida. Sempre vem a vida. Mas não a vida que os críticos querem depois falar de como tal autor chegou em tal frase ou quis dizer noutro parágrafo. Não. Essa vida é dos imbecis e dos que não sabem ler. A vida do escritor vem antes quando ela é a sua própria vida. E vivendo essa vida, ele escreve. Escreve quando tem tempo. Depois, vive.

Não é que uma coisa tenha a ver com a outra, não tem, mas, com toda a certeza, não compartilho com a idéia que a literatura vem antes. Na literatura quem vive não sou eu. É outro. E esse outro, o escritor, só aparece assim, quando escrevo. Que gosta de saber que leram o que ele escreveu.

Eu? Eu mesmo quero que vocês se danem e me deixem viver sem chateação.

O Autor.

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