terça-feira, 12 de outubro de 2010

Caminhando Pelo Errado da Rua

Eu comprei ingresso pro show do Paul McCartney e pensei. Baita bosta. Sim, eu não comprei.
A Betine comprou. Quer dizer, deu a grana. A Bruna e o Franty foram pra fila do Beira.
Mas, porra, e se eu não for pro céu? Quem serão os Beatles? Os Stones?
Será que Huxley ainda viaja no cosmo no LSD final?  Não sei. Não acredito nos beats.
Só copio.
Aliás, não copio. Quero que eles se fodam. Ginsberg era um chato de galocha.
Odeio poetas. Odeio poetas da Osvaldo Aranha. Odeio escritores de vanguarda.
Mas gosto do Lou Reed.
Eu não sei ler o que os outros escrevem. Sou totalmente egocêntrico.
Gosto de quem gosto e ignoro a existência alheia. Sou o maior escritor ignorado
por outros que jamais o lerão. Se me importo? Não. Curto caminhar pelo outro lado da rua.
Sim. Os quarenta anos servem pra algo. Servem pra me deixar feliz vendo meu filho crescer
e pensar: Foda-se! Ninguém pode compartilhar isso comigo. Nem eu mesmo.
É tão íntimo que me nego a saber que posso ser feliz.
E sei que sou.
Confesso.
Eu sou feliz.
Desculpem-me se se tenho que admitir o que só admito escrevendo bêbado às cinco da manhã.
Mas é a verdade. O Lou Reed me disse agora. Ele, o Bowie e, talvez, não sei, Kurt Cobain
que ainda tá saindo de dentro do Dilúvio ajudando o Werner.
A Betine tá no quarto assistindo algum seriado de serial killers.
Eu seu que tá na moda. A moda é algo estranho.
Pra mim estar na moda é ser do contra. E se tem alguém do contra, sou contra quem é.
Sou contra e é bom que seja assim.
Meu carro deveria sair da cidade. Eu junto.
Queria morar numa estrada cercado de cerveja e meus amigos.
Uma eterna estrada sem fim de felicidade e conversa fiada e álcool e sutilezas jogadas no lixo.

(mais um copo da tal cerveja preta)

(pausa)

É muito boa essa guitarreira do Vicious do Lou Reed.
Dá até vontade saber algo de música. Eu não sei. Sei o que me dá vida ou não.
Rock me alimenta mais que ceva. Rock me alimenta mais que tudo.
Se tivesse que escolher entre ceva e rock, escolhia rock.
Se tivesse que escolher entre escrever e escutar rock, escolhia escutar rock.
Escutando rock é que escrevo. Me alimento. O rock me alimenta e me julgo por não saber nada de música.
Por isso escrevo.
É minha chance de compensar minha inabilidade com a música.
Não vou dizer que por isso bebo, porque bebo pra me chapar mesmo.
Se chapar é bom pra escrever.
A ressaca é a melhor hora para se ter boas idéias.
A ressaca limpa a sujeira do cotidiano como um alvejante limpando sujeiras acumuladas no chão.
Sei que vocês compartilharão algo comigo.
Se não compartilharem, eu compartilho.
É bom estar vivo.
É ótimo escrever.
Mas é bem melhor que tudo errar.
Pois errando eu vou vivendo cada vez mais até acertar.
Espero jamais acertar para viver para sempre.
Viver é muito bom.
Ainda melhor caminhado pelo lado errado da rua.

(um videozinho bem brega da BBC pra vocês)



Feliz dia das crianças!!!

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