quarta-feira, 15 de agosto de 2007

VEM MEGA VEM

Fico eu aqui, entre a papelada que o Governo e a Receita Federal inventam para piorar cada vez mais a vida dos pequenso empresários de dia e o Lorenzo querendo brincar de noite, mais trocar fraldas, tentar dar a comida que ele tem que comer e não a que ele quer e ainda ouvir a Betine resmungando que tá cansada quando chega em casa (ninguém mandou ser jornalista), arranjando tempo para escrever na hora do almoço.

Se tenho idéias ou vontade para escrever? Muita. Mas e tempo?

Muito tempo atrás li uma frase de Gore Vidal que era mais ou menos assim (não vou transcrever certinho que isso daí é coisa de nerd e mala):

O escritor trabalha para comprar tempo para escrever.

E é isso daí mesmo. Ou o sujeito é rico. Ou se arrisca a ser socialmente vadio, afinal para a sociedade escrever não é trabalho, e passar fome por algum tempo. Ou vira um baba-ovo certeiro do marketing pós-moderno literário.

Para ser rico existem três alternativas. Ou já se nasce numa família rica, o que não é o meu caso. Ou se nasce mulher, gostosa e puta na medida certa, o que também não é o meu caso. Não sou mulher, muito menos gostosa, mas talvez até fosse puta, mas não na medida certa, óbvio. E, por último, o sujeito ganha sozinho na Mega. Essa alternativa ainda está em aberto. Mas é totalmente incerta por razões matematicamente explícitas.

Eu tentei ser socialmente vagabdundo e só me dedicar a escrever. Mas pelas razões acima (eu não sou rico), desisti porque minha família me ensinou a trabalhar e a não ser egoísta (péssimo recado nos dias de hoje), apesar de ser extremamente individualista, o que me leva a não saber trabalhar diretito coletivamente e a ser tendenciosamente ditatorial e democrático quando os interesses são os meus, claro! E ainda mais, agora sou pai e me sinto no dever de garantir o bem-estar do meu melhor amigo Lorenzo, afinal ele ainda tem o direito de ser criança e não fazer nada (direito de toda a criança é ser criança).

E, por último, eu poderia ser um baba-ovo marqueteiro, alternativa da qual já desisti faz algum tempo. Tal qual um Mr. Hyde escondido nas entranhas, quando estou prestes a ser aceito na comunidade editorial e literária se revela o lado negro da força benvenuttiana (eu mesmo já criei meu universo próprio, o que seria algo essencialmente megalomaníaco se não fosse verdade, obviamente) se liberta e causa estragos irreparáveis em tudo que está à sua volta.

Tenho consciência de tudo não é? Poderia tentar ser diferente, pois não?

Sim!

Mas a vida seria uma chatice interminável.

Ainda prefiro as aventuras!!!

Ou a Mega-Sena acumulada.

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito bom!
Já foi para os meus favoritos.
fabiano_def4@yahoo.com.br